terça-feira, 19 de abril de 2011

O Imortal Kalymor: DEUS, POR MALBERON. INTERLÚDIOS, PARTE 14

_Não! Não diga isso! Jamais algo assim estaria além de sua compreensão, mas, talvez, de sua aceitação. Livre-se de seus conceitos humanos, fechados e cegos. Seu próprio ser é mais que isso. Continue o raciocínio, dê valor ao que está recebendo hoje. Aceite que Deus está em tudo, em todos os lugares, em todos os atos, em todos os sentimentos. Em todos os planetas e em todas as flores. Nas galáxias e no medo. No sorriso e na morte. No chão que está pisando e na totalidade de seu corpo. Compreenda que você é Deus. O mendigo, o cachorro urinando no poste, a criança nascendo, a ofensa e a jura de amor. Tudo isso é Deus. É a lógica mais simples da existência.

_A humanidade jamais aceitaria isso! É difícil até para mim.














_Sim! Por isso eu os controlo e estou no topo do mundo deles! Eles jamais iriam conceber que Deus não está em seus rituais, em suas orações decoradas, em seus símbolos. Jamais entenderiam que Ele não
se importa com isso. Que o maior agrado a Deus é oferecer um ombro amigo a alguém que chora, do que saber a Bíblia inteira. Que ajudar uma pessoa idosa a atravessar a rua, ao invés de pagar uma promessa estúpida a um santo que não precisa disso. De que vale a crença, se eles não fazem nada por si mesmos? Se não ajudam uns aos outros, da forma mais simples e sincera que poderiam? Não entendem que, se derem um pão a um carente, estarão diretamente alimentando o próprio Deus. Não aceitam como é fácil e simples entrar em contato direto com Ele, sem a necessidade de qualquer tipo de instituição, valendo-se apenas de seus atos, do que fazem ao próximo e a si mesmos. Não percebem que quando ferem, com palavras ou com armas, estão dilacerando o coração do Criador. Não entendem que a salvação não está do outro lado, mas aqui. Este lugar é o paraíso, e ele é que deve ser melhorado, porque aqui é onde seus dedos podem alcançar e, também, inegavelmente, é uma parte “Dele”. Seus esforços devem ser voltados para cá, para este mundo, para o que deixarão aos seus filhos e a todo o amanhã. Não devem viver uma vida de condutas regradas, negações e modos, visando à salvação em outro plano, como se este aqui fosse apenas uma espécie de “teste”. Mas devem, sim, viver deste modo, visando este plano. Por que Ele criaria este lugar para a salvação em outro? O que ganharia? Se Ele é tão superior, por que precisaria de nós? Por que se incomodaria? A humanidade irá buscá-lo por milênios e, à medida que avançarem, estarão se afastando ainda mais. Não sabem que devem dar valor ao “aqui”, porque o “aqui” é o maior presente que podem ter. Deus é o que é feito ao próximo, somente e completamente isso.

Desabei no chão como uma fruta apodrecida, quando o vampiro concluiu sua elucidação. A revelação fora forte demais para que meu corpo pudesse se manter ereto. Minha mente saltitava por todos os cantos de meu juízo, querendo, furiosa, sair dali. Ansiava em não ter que compreender tal assunto, sabendo não ser capaz disso. Deus sempre esteve me rodeando, e eu, ingenuamente, segui por 800 anos achando que Ele havia me abandonado. E até mesmo me punido amargamente com a condenação de minha sina. Mas agora, de uma maneira inusitada, eu mesmo era Deus.
Com a balbúrdia dos gritos regurgitantes de minha mente, voltei a olhar o quadro e percebi o que realmente eu tinha de ver. Deus é o universo, lugar onde as coisas existem. Deus é o tempo, que permite a continuidade das coisas. E Deus é o mana, o componente das coisas que existem.    












TERMINA AQUI MAIS UMA POSTAGEM DE "INTERLÚDIOS". ESTE TRECHO FOI RETIRADO DO LIVRO O IMORTAL KALYMOR. AGUARDE NOVAS INTRIGAS DO MUNDO DOS VAMPIROS DA SAGA DE HANS KALYMOR. DEIXE SEU COMENTÁRIO PARA QUE EU POSSA ESTAR SEMPRE ATENTO AO QUE VOCÊ GOSTA.
OBRIGADO.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

O Imortal Kalymor: DEUS, POR MALBERON. INTERLÚDIOS, PARTE 13




_A energia que utilizamos em nossas magias? _Indaguei!

_Logicamente, sim! Os magos manipulam o mana para gerar o que desejarem. Criam ilusões, encantamentos, movem um objeto de um lugar ao outro. Podem, com um pensamento, congelar o corpo de uma pessoa. Mas essa pessoa não poderia ser congelada de uma maneira que chamamos de “natural”? Se esse corpo for submetido a temperaturas extremamente baixas, suas células e suas moléculas, os átomos e o mana que o integram não sofreriam o mesmo efeito? O mana seria modificado, de uma forma ou de outra, e produziria o mesmo resultado. O que chamamos de magia é apenas uma diferenciada forma de manipular a própria natureza. De manipular o “tudo”.

_A magia é apenas um caminho alternativo. _Utilizei-me de palavras para ordenar o pensamento. _Não há nada de místico, somente a matéria sendo moldada de outra forma. Como um homem lançando lenha numa fogueira, alterando suas partículas de modo a gerar calor, realizando o mesmo que um mago ao fazer com que ela entre em combustão espontânea. Ambos alterando o mana. Mas, ainda assim, esbarro em um ponto. Como posso convocar almas, entrar em contato com quem já não mais pertence a este plano? Como minha própria alma pode habitar aqui, se eu não mais possuo o cordão-de-prata? Talvez eu mesmo responda à minha indagação, compreendendo que o universo é composto por todos os planos e, sendo ele único, então deve haver um ponto em comum que permita que isso seja possível. O mana é a partícula indivisível de todo o universo! Comum a tudo o que existe! Sim, isso explicaria as possibilidades. _Reflito, ainda tomado por questionamentos.

_O que irá confundir sua mente, Hans, vem agora! Aceitou que o universo é “tudo”, e o “tudo” é Deus. E, se o mana está presente em tudo, de certa forma você não estaria manipulando Deus? O homem que mencionou jogando lenha na fogueira, não estaria diretamente queimando Deus? Ele próprio não seria Deus?

_Isso está além de minha compreensão, Malberon! _Reclamo e hesito, como se minha mente não suportasse esse mergulho nas águas revoltas e inseguras dos mares da revelação.


CONTINUA....

quarta-feira, 6 de abril de 2011

O Imortal Kalymor: DEUS, POR MALBERON. INTERLÚDIOS, PARTE 12

_Quem é Deus?

Ouço o padre se mover para trás. Uma respiração breve e profunda, seguida de um gesto de firmar os ombros, como se esperasse uma agressão. Paro um instante, o mínimo que posso fazer. A pergunta foi pequena, mas ressoou como mil trompetes em um quarto apertado. Quase tenso, o padre aguarda que eu continue, num misto de temeridade e curiosidade, sendo esta última indigna de habitar sua consciência, tendo em vista a responsabilidade que carrega. Porém, sinto, no som da madeira do confessionário, que responde aos seus movimentos grosseiros e entrega sua inquietude, que o conflito é maior. Pois mesmo ele, um padre, com todas suas certezas, antes de tudo é uma pessoa comum, com todos seus questionamentos. Uma alma inferior, dividida na tarefa de parecer superior.
O instante passou ligeiro. Mesmo que não tenha jamais sido tempo suficiente.

_Pergunta-me isso, _disse, então, o vampiro _mas sabe até onde deseja compreender? Posso lhe explicar o “tudo”, mas, se o fizer, que sentido terá o restante?

_Caso eu fosse uma pessoa comum, um humano, com a mesma sabedoria que tenho hoje, desejaria não ter esse conhecimento, pois nada em minha vida importaria depois desta noite, nem todos os outros momentos antes dela. Mas sou diferente, não me limito a um futuro, ou a um plano, ou a um propósito. Meu estado amorfo permite fazer tal pergunta e obter a resposta. E também você permite, Malberon. Seu convite...

_Então, vamos a ela! A compreensão da fórmula. Ao entendimento do universo. _E começou, sem mais delongas, ou suspense, ou qualquer tipo de preparação, como se algo nele o incentivasse a passar tal conhecimento. _Aquilo que chamam de Deus é um ponto em comum. Um equilíbrio. Um pêndulo que oscila de um lado para o outro. O universo poderia ser chamado de Deus. E já que esta fórmula une todas as forças, o “U”, então, poderia ser Deus. Mas, se aceitarmos isso, negaríamos a pergunta: “E quem criou o universo?” O problema é que aceitamos a existência de Deus como sem origem, como uma criatura onipotente que sempre existiu. Mas, se este “U” é “Ele”, então o universo não poderia sempre ter existido? Não poderia ser sem origem?

_Então, devo lhe perguntar o que é o universo?

_Talvez! Mas assim você já teria aceitado o que eu lhe disse. Definimos o universo como o “tudo”. Mas tudo o quê?

_As galáxias, os planetas, as estrelas...

_Não! Assim o “tudo” seria somente uma parte do... “tudo”. Apenas a matéria, o sólido, o que você pode conceber. Assim, o universo seria um espaço onde as coisas se encaixariam. Lugares com distâncias calculáveis. Se isso for “tudo”, então, logicamente, é só isso que existe. Como, então, explicaria a sua existência? A sua permanência aqui? Deve compreender a situação de sua alma, a condição atual de sua amada e, também, o seu poder de necromante, de convocar forças que não são daqui. De onde provêm? De um planeta, de um lugar distante, de outra galáxia? Certamente que não. Concluímos, dessa maneira, que o universo é “tudo”. E que o “tudo” é muito mais do que tocamos.

_Então, o universo é imensamente grande!

_Eu diria que, de tão grande que é, torna-se infinitamente pequeno. Desta forma, Deus é a coisa mais minúscula que você pode imaginar. Ele é o universo, mas isso se divide em incontáveis planos de existência. No espaço, temos os astros, as constelações e este planeta. Em outros planos, temos realidades alternativas, momentos que não existiram aqui porque algum ato, ou não ato seu, não permitiram. Em algum lugar, por exemplo, este instante estaria acontecendo de outro modo, caso você não tivesse seguido o jovem vampiro até aqui. Caso você tivesse matado Ismael. Caso Winslet jamais tivesse visitado sua tribo. Em algum plano, Marina brinca ao lado de anjos luminosos. Em algum plano, ela já voltou. Em outro, talvez, já tenha partido novamente. Isto é Deus, todas as infinitas existências, ocorridas ou não, ou ocorridas em outro lugar. O universo inteiro de possibilidades. E, ainda assim, afirmo que Ele é pequeno. Repito que é um ponto em comum. Porque tudo isso tem que ser interligado de alguma forma. Pois, se Ele é “tudo”, não pode ser fragmentado, para que essas possibilidades existam separadamente. Eis, então, o erro de pensamento dos homens. Um Deus grande, imenso. O equívoco máximo. Pois O procuram no extremo completamente oposto. Este plano contém os planetas, entre eles a Terra, nela o vento, a água, a natureza, a vida. Numa escala decrescente das coisas, chegamos, inevitavelmente, ao átomo. Antes, acreditava-se ser ele a matéria comum a todo o resto. Hoje, até mesmo ele foi dividido e, no futuro, será ainda mais dividido e decifrado, até um ponto onde não mais haverá ramificações.

_Entendo o erro! O “tudo”, o conjunto da existência é formado da união de partículas diminutas. Deus, então, não é o máximo, mas o mínimo que podemos conceber.  E que ponto é esse onde as ramificações terminam?

_O “mana”! _Afirmou o vampiro.

_A energia que utilizamos em nossas magias? _Indaguei!


CONTINUA.....

terça-feira, 5 de abril de 2011

OBRIGADO, PESSOAL, PELAS 3000 VISUALIZAÇÕES DESTE BLOG

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