segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O Imortal Kalymor: Interlúdios. Parte 7 da Crônica: A Catedral.



“Dei-lhe um forte abraço! Como um filho faz em agradecimento ao seu pai. Senti suas lágrimas se mesclarem às minhas e inundarem um dos lados de nossas faces. Eu amava aquele velho com uma força incrível. Ainda hoje remôo minha alma quando penso no que poderia ser diferente se eu não tivesse fechado aquela porta.”

Despediu-se de Altair...

“Galhos que se projetavam em direção às plantações, que pareciam braços me chamando para não partir. Observei admirado que, nas raízes da árvore, uma forma humana erguia-se como que por encanto. Havia uma figura, fantasmagórica pelo seu modo de surgir, e bela por sua graciosa forma. Uma menina linda havia se conjurado diante de meus olhos, com cachos negros escorrendo em frente de sua face. Numa respiração profunda, puxou para dentro de si não somente ar, mas com ele toda a vida que antes não tinha. Logo, não mais era uma escultura, mas uma criança. Começou a escalar a árvore, como um fruto que deseja voltar à sua mãe. Lentamente, à medida que fugíamos do chão, seu corpo parecia crescer a cada vez que suas unhas e pés se prendiam nas frestas da madeira. Logo, eu estava rindo como há muito não fazia, pois me dei por conta de já ter feito aquilo antes, com aquela mesma pessoa. Marina estava graciosa, e como num leve e implorado sonho, começamos a subir a árvore como crianças novamente. E os anos que vivemos passavam diante de nós, à medida que subíamos, deixando os galhos que ficavam para baixo como testemunhas de cada época. No final, quando as estações do tempo não mais se apoiavam nos galhos, Marina estava como da última vez em que a vi. Ela mantinha o sorriso nos lábios, e com uma alegria infantil pegou-me pela mão. E surpreendentemente se jogou da árvore. Como bailarinos do espaço, de mãos dadas, iluminados pela lua e tendo o trigo como um imenso tapete, cortávamos o vento na velocidade dos pássaros. E esquecendo completamente da altura, nos amamos, cavalgando as correntes do ar. Talvez Deus tenha tentado se redimir, e a tenha tornado um anjo.”

Despediu-se de Marina? Ou talvez a tenha encontrado para somente se despedir mais uma vez?
“Entrei no corredor de árvores retorcidas que dava acesso à porta da frente da casa de Zacchi. O mago apareceu uns passos adentro. O necromante fitou-me de uma forma que nunca havia feito antes. Olhava para mim quase como se não me conhecesse mais, ou como se fosse a primeira vez que nos víssemos. A lua lancinou de uma absurda intensidade. Não, não era mais a lua, mas o sol, que mostrava seus primeiros raios. Virei meu rosto em sua direção, pois o astro ainda não tinha tanta força para me cegar. Por sobre as densas árvores que compunham os arredores da morada de Zacchi, vi, a silhueta, perfeita, de meus pais. Estavam de mãos dadas, lado a lado. Pareciam seres feitos de porcelana. Bonecas divinas. Uma melancólica imparcialidade eclodia naquela imagem. Com um movimento leve, ambos acenaram para mim, em despedida. Tirando minha atenção daquela imagem, o necromante me chamou. E falou palavras ainda mais estranhas do que tudo o que havia acontecido até então.

_Hans Kalymor! Conseguimos!”

E compreendeu que estava, sim, despedindo-se de sua própria vida...







CONTINUA.... 

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O VERDADEIRO FILME SOBRE VAMPIROS

Sim, este sim é o verdadeiro filme sobre vampiros. Na verdade o livro é que é o astro aqui, sendo este a sua adaptação máxima. Tudo o que se conhece e especula sobre estes seres tem como divisor de águas este livro-filme.
Antes, vampiros eram visto como monstros escondidos em seus castelos, mais como histórias de terror. ENTREVISTA COM O VAMPIRO foi o responsável pela "urbanização" dos vampiros, colocando-os em nosso cotidiano, mesclando-os aos nossos problemas sociais, sonhos, desejos e frustrações.
Em resumo, tudo o que você conhece sobre vampiros, qualquer coisa que parece "novidade".... Não se iluda....
ANNE RICE pensou antes, muitos anos antes.... e construiu algo insuperável.
O filme conta a história de Louis (Brad Pitt), um vampiro que foi transformado no século XVIII por Lestat (Tom Cruise). Enquanto Lestat acredita que deu a Louis a maior dádiva que pode existir, este acredita que na verdade foi condenado ao inferno, e só encara a morte como válvula de escape, enquanto o medo o aflige. Ele passa sua vida imortal à procura de um significado para a sua condição, ou pelo menos algum outro de sua espécie.

Sempre relutante em tirar a vida de seres humanos, Louis no início se alimenta apenas de animais. Um dia, porém, não resiste e morde uma garotinha, Claudia (Kirsten Dunst). Lestat, ao descobrir, fica extremamente empolgado, transforma-a em vampira e a "dá de presente" a Louis. Os dois tornam-se muito amigos, sendo um a razão de ser do outro.
Claudia, entretanto, não é feliz, pois, assim como uma criança humana, ela amadurece e torna-se adulta, mas fica eternamente presa no corpo de uma menina. Lestat, enciumado da relação dela com Louis e também farto de suas "crises existenciais", acaba por afastar-se de ambos e tratá-los cada vez pior. Claudia considera que ele é um peso a ser eliminado, e então assassina-o. Para comemorar, ela marca com Louis uma viagem para a Europa. Mas logo antes de embarcarem, para surpresa e pânico de ambos, eles descobrem que Lestat na verdade não morreu.
Em Paris, Louis conhece Armand (Antonio Banderas), o líder de um grupo de vampiros, e espera que ele, já que é provavelmente o mais velho vampiro existente, dê-lhe algumas respostas, o que descobre não ser possível. Logo após, o grupo que Armand lidera assassina Claudia, levando Louis a uma fria vingança que não poupa ninguém, a não ser o próprio Armand.
Por fim, Louis volta sozinho aos Estados Unidos, onde continua sua vida.




ALUGUE HOJE MESMO. E COMPRE O LIVRO TAMBÉM. GUARDE NO MELHOR LUGAR DE SUA ESTANTE (BEEEEEEEM ACIMA DE CREPÚSCULOS E CIA....)

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

CONCURSO GAROTA O IMORTAL KALYMOR


Em meados deste ano, o jornal O ATLÂNTICO, aos cuidados de Mylla, iniciou um concurso de beleza inspirado no livro. todos os anos ela realizava um concurso, com meninas da região do vale do Itajaí, sendo que todos os meses uma era selecionada para uma sessão de fotos. Desta vez, o tema é o livro, sendo escolhida, inicialmente, uma garota por mês. Porém, a procura está sendo tanta que estão sendo selecionadas 2 garotas para as fotos.
O concurso ocorre da seguinte maneira: o tema principal é o livro, sendo que todo mês são realizadas fotos baseadas em um cenário do livro. O primeiro foi na CATEDRAL METROPOLITANA DE FLORIANÓPOLIS, onde se passa a história. nos segundo mês, o cenário foi TRIBO CRISTÃ, local onde o personagem principal, HANS KALYMOR, passou sua infância e início da fase adulta. o terceiro cenário foi sobre VAMPIROS, sendo este um dos temas principais do livro.
Os próximos cenários contam com ELFOS, ZUMBIS, MAGOS, CASTELOS MEDIEVAIS, entre outros.
Para participar, basta entrar em contato com Mylla, pelo e-mail myla100@yahoo.com.br.
Mande sua foto, idade, telefone e respostas de perguntas baseadas no livro. Você pode encontrar, também, no meu orkut (basta procurar pelo meu nome), ou no orkut da Mylla no jornal (veja em meus amigos).

Seguem as perguntas abaixo. Uma vez por semana terá novas perguntas. Em postagem anterior, deixei os locais de venda do livro.









Boa sorte.....  






1ª PERGUNTA -11/08 1- EM QUE LOCAL DE FLORIANÓPOLIS OCORRE O RELATO DE HANS KALYMOR?
2ª PERGUNTA QUAL O NOME DO REINO DE ONDE VEIO HANS KALYMOR?
3ª PERGUNTA - 23-08 ONDE OCORREU O PRIMEIRO BEIJO ENTRE MARINA E HANS?
4ª PERGUNTA - 30/08 QUEM REALIZOU O CASAMENTO ENTRE MARINA E HANS?
5ª PERGUNTA- 06/09 QUANTOS DEIXARAM A TRIBO, LIDERADOS POR HANS, APÓS O ATAQUE DOS VAMPIROS
6ª - PERGUNTA - ONDE FORAM ENCONTRADAS AS CRIANÇAS, FILHOS DE DINIS?
7ª PERGUNTA - COMO É O NOME DO CAÇADOR DE VAMPIROS QUE SE JUNTOU AO GRUPO DE HANS?
8- PERGUNTA -DO QUE É FEITO O COLAR DE ERIC?
9ª PERGUNTA - QUAL O NOME DO MAGO NECROMANTE QUE TORNOU HANS IMORTAL?
10ª PERGUNTA- QUAL FOI O PRIMEIRO CRIME QUE HANS COMETEU APÓS TORNAR-SE IMORTAL?
11ªPERGUNTA - QUAIS OS DOIS ELEMENTOS PRINCIPAIS PARA REALIZAR UMA MAGIA?
12ª- PERGUNTA - QUANTOS ANOS TINHA HANS QUANDO TORNOU-SE IMORTAL?
13ª-PERGUNTA -QUAL O NOME DA MAGIA DE HANS PARA CRIAR ZUMBIS?
14- PERGUNTA- QUAL O NOME DO PAI DE ISMAEL?

terça-feira, 23 de novembro de 2010

O Imortal Kalymor: Interlúdios. Parte 6 da Crônica: A Catedral.

A dor chega até mesmo a me corroer. Hans tornou-se uma mera carcaça. Vagou desolado, até esta mesma desolação tornar-se revolta. Ele um cristão, dos verdadeiros, servidor de Deus desde seu nascimento, fora abandonado no único momento em que precisou. Naturalmente a descrença tomou sua alma. E a dor virou atitude. Hans embeveceu-se de vingança, e odiou a Deus por sua ausência. Sua revolta fora tamanha, que contagiou a outros de sua tribo. Um grupo de homens que nada mais tinha a perder, pois tudo já lhes havia sido tomado. Buscaram por vampiros, então. E procurando a morte, naturalmente a encontraram.
Deus os abandonou mais uma vez. Fazendo a injúria não somente assolar, mas zombar de sua alma. O abismo tornou-se mais profundo. As lutas foram tantas quantas foram as baixas. A cada brandir de sua espada percebia os gumes de sua fraqueza. De sua reles condição humana. E entendeu que como homem não poderia seguir em frente. Sua busca era maior que sua condição. Então, por uma cilada do destino, ele novamente caiu. Tornou-se imensurável o abismo de sua alma.


Um monstro agora. Um morto, um zumbi. Para mim, maravilhosamente belo em sua essência. Um imortal. Eterno em sua dor, banhado em culpas que se perdem nas linhas dos séculos...










CONTINUA.....

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

ONDE ENCONTRAR O IMORTAL KALYMOR?

VOCÊS ENCONTRAM O LIVRO NAS:

1- LIVRARIAS CATARINENSE DE TODO O ESTADO, E NAS SUAS REPRESENTANTES NO RS (LIV PORTO) E PARANÁ (LIV CURITIBA).
2- LIV SABER, SHOPPING GRACHER, EM BRUSQUE-SC
3-RESTAURANTE COMORES, LIV GEJI, LIV GRAFIX, EM SÃO JOÃO BATISTA-SC
4-LIV ENE, EM NOVA TRENTO-SC
5-PELA INTERNET, EM DIVERSAS LOJAS E LIVRARIAS.
6-ESTAREI PLANEJANDO UM ESPAÇO PARA VENDA TAMBÉM POR MEIO DESTE BLOG....

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O Imortal Kalymor: Interlúdios. Parte 5 da Crônica: A Catedral.




“Ele a segurava pelos cabelos com uma das mãos. Enquanto a outra alisava seu pescoço, retirando delicadamente uns poucos fios que ali restavam, como numa espécie de ritual. Eu não sabia o que fazer. Correr em sua direção me parecia a atitude mais óbvia, mas o vampiro poderia atacá-la ao ver minha aproximação. Por outro lado, ele poderia atacá-la a qualquer momento, já que ninguém o ameaçava. O que fazer? Que reação tomar perante essa situação? Enquanto eu corria, amaldiçoando minhas pernas por não poderem fazer mais, por não serem mais rápidas. Enquanto eu olhava o rosto de Marina, enquanto eu era dominado pela sensação de incapacidade. Enquanto percebia que de nada valiam as súplicas, ele, num rápido movimento, expondo seus enormes dentes caninos, a mordeu.”

Eis o início de sua dor. O começo de seus sórdidos pecados. Sua queda. Sua esposa não apenas morta, mas transformada. Convertida na mesma forma bizarra que o monstro que a atacou. Situação esta ainda mais terrível. Pois, como todo monstro, não poderia ser aceita ali. E a morte veio mais uma vez para ela. Conseqüentemente também para ele...

“_Marina, _comecei _olhe nos meus olhos. Veja bem fundo, e somente eles. Quero que, não importa o que aconteça, acredite em mim. Saiba que tudo isso não passou de um sonho. Um terrível pesadelo, e somente eu estou aqui.
_Nós morremos, não foi? Morremos, e nossos espíritos estão se despedindo. Não sei o que está acontecendo, mas acho que faço alguma idéia. Não sei se eu morri, ou se morremos ambos. Apenas sei que algo não está bom. E acho que tenho que falar algumas palavras. Você foi a coisa mais maravilhosa que me aconteceu. O homem da minha vida. Quem sempre sonhei para seguir ao meu lado. Sou grata a Deus por ter me concedido esta oportunidade. Sou a mulher mais completa deste mundo, pois tenho o mais verdadeiro dos amores. Desculpe se fui a culpada disso que ocorreu. Mas obrigada por estar comigo numa hora como esta. E em todas as outras que você esteve. Para onde quer que nossas almas possam ir, por mais distantes que fiquem, eu sempre vou amar você, meu querido Hans Kalymor!
_Há um pequeno espaço no tempo. Uma brecha onde não estamos totalmente vivos nem totalmente mortos. Um pedaço em que nos esquecemos de viver e não nos lembramos de morrer... é quando dormimos. Será lá, Marina, nesse intervalo de vida, quando acordo para os meus sonhos e durmo para minha existência, que estarei te esperando!”
 
Os primeiros raios de sol da manhã a destruíram. Em seus braços ela se foi, como em uma lufada de vento. E ele se perdeu no abismo de sua própria amargura.





CONTINUA.....

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

VÍDEO: QUANDO RECEBI O LIVRO DO EDITOR (DEZ 2007).




ESTE É UM VÍDEO, TALVEZ O PRIMEIRO, QUE FIZ SOBRE O LIVRO. PRETENDO, ALÉM DOS INTERLÚDIOS, RELATAR OS PASSOS, DESAFIOS E CONQUISTAS PARA SE ESCREVER UM LIVRO. 
EM OUTRAS POSTAGENS PRETENDO ABORDAR TEMAS DIVERSOS, QUE TENHAM A VER COMIGO, COMO UM PARALELO ENTRE O QUE EU SOU E O QUE O LIVRO REPRESENTA E COMO ELE SURGIU EM MINHA VIDA.

MOSTRO, AGORA, A EMOÇÃO DE RECEBER NAS MÃOS A OBRA PRONTA, IMPRESSA. 
CONFESSO QUE FIQUEI SEM PALAVRAS. FORAM 8 ANOS DE DEDICAÇÃO. E RECEBER ESSE TRABALHO, FOI COMO RECEBER, PELA PRIMEIRA VEZ, O FILHO NOS BRAÇOS....


FOTO DA CAPA DEFINITIVA, LIVRO ABERTO, FRENTE DE COSTAS.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O Imortal Kalymor: Interlúdios. Parte 4 da Crônica: A Catedral.

Este amor então se estendeu. À medida que Hans tornava-se um homem...


Quase posso sentir seu coração pulsar novamente quando se lembra deste momento. De como acreditou que sua união com ela seria eterna...

“Levantei seu véu em seguida. Retirando a última barreira que nos afastava. Com um beijo concretizamos nossa união. Deus, em seu pergaminho celestial, deu mais um ponto, a partir do qual iniciaria um novo parágrafo.
Abraçados nos deitamos. Ela respirava ofegante. Seus músculos estavam todos contraídos. Seus olhos cheios de lágrimas. Apertava-me forte, e quanto mais seu medo crescia, mais forte era seu abraço. Mesmo com toda delicadeza possível, nós, na condição bruta de homens, jamais saberemos como tocar em uma mulher. Jamais entenderemos tudo o que seus olhos nos pedem. Tudo o que a força de seu suave toque nos quer dar. A expressão de seus corpos, quando o tocamos, jamais será corretamente descrita. Palavras não definem a divindade de uma mulher. O seu colorido jamais será pintado. Sua forma jamais será esculpida. Quando as tocamos, mesmo com o mais leve dos toques, sempre será como um urso acariciando uma borboleta. Como um relâmpago beijando o chão. Ainda lembro do seu calor. Do seu envolvente cheiro. Do suor lavando meu corpo, como um batismo em água benta. Não havia céu, ou terra, ou festa, ou barraca. O mundo não estava ao nosso redor. Havia apenas ela e eu. E a soma de nossas vidas.”

Se felicidade para os mortais é o amor, o que lhes resta quando o perdem?


CONTINUA....

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O Imortal Kalymor: Interlúdios. Parte 3 da Crônica: A Catedral.







Mas no que me delicio mesmo não são nesses momentos. Prefiro me ater na afronta. Nas tentativas de Hans de querer confundir e ludibriar o padre. A história alucinante de seu passado, habitado por centauros, minotauros e dragões. E sobre o que ele mesmo era de fato.

         “_E como posso ter mais de 800 anos? Seria um imortal? Um elfo? Um vampiro? Talvez só um louco qualquer?
         _Um imortal? Não. Pois não temeria o julgamento de Deus a ponto de estar num confessionário. Um elfo? Bem, desconheço essa espécie, mas creio que não são cristãos. Um vampiro? Jamais entraria aqui. Um louco? Não levantaria essa hipótese, se realmente o fosse.”

E também em diversos outros pontos...

“O clérigo falava algo sobre anjos. Dizia se tratarem de seres celestiais, que existiam cada um com um propósito. Uma missão. Não como um fardo, ou uma responsabilidade que representasse uma espécie de “peso” em suas costas. Mas um motivo que justificasse sua existência. Não eram seres que devessem ser venerados como semideuses. Mas, no meu entender, criaturas que deveriam ser idolatradas pelo que representavam. Mesmo que muitas vezes não pudéssemos compreender o que representavam. E também o que eram. Anjos, segundo Altair, eram a personificação de uma causa, que talvez fosse inatingível para um mortal, mas que deveria ser alcançada em benefício dos próprios mortais. Como um guia para uma pessoa perdida e sozinha. Talvez mais como uma correção de um fato que estivesse seguindo um curso errado. No caso dos mortais, uma força para que não se perdessem de seu destino.”

Mesmo que eu busque com afinco por estes questionamentos, sua mente se perde em lembranças. E o sentimento de amor sempre retorna...

“Começava a ver o mundo com outros olhos. Mais precisamente, começava a ver Marina com outros olhos. Ela encantava-me. Sua simpatia, sua beleza. Responsabilidades na tribo limitavam nossas brincadeiras juntos. Mas quando tínhamos um tempo para nós, aproveitávamos da melhor maneira possível. A alegria de estar com ela há muito já havia mudado de nome. Passou a se chamar amor. Meu primeiro. Meu único. Minha semente que germinava em meu coração.”


CONTINUA.....

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O Imortal Kalymor: Interlúdios. Parte 2 da Crônica: A Catedral.


Ele entrou no início desta noite, acanhado e temeroso. Por séculos não se confessava, literalmente. A catedral o atormentou logo em sua chegada, como se ele fosse um insulto, uma afronta. E realmente o era, pois aquele templo de paz estava sendo visitado pelo maior de todos os pecadores. Era o que ele pensava, o que julgava ser. A dor do remorso aumenta consideravelmente o sentimento de culpa. Acho isso uma tolice, mas infelizmente é uma verdade, até mesmo em seres superiores como ele. Mas não vou meditar sobre isso agora. Vou apenas me deliciar com as lembranças que extraí de sua mente neste instante...

“_ Padre! Faz muito que não venho num lugar como este. E só hoje reuni forças para aceitar meu castigo. O que devo fazer?
_ Conte-me sua historia, meu amigo!_ Diz o padre_ Deus está lhe ouvindo e pronto para perdoá-lo por qualquer pecado que tenha feito. Apenas abra seu coração e ele abrirá seus braços.
_Acredita que ele esteja ouvindo?  Acredita mesmo na igreja, nos santos e nos anjos? Acredita na sua fé?
_Se eu não acreditasse estaria aí no seu lugar agora. E, se você também não acreditasse, este lugar estaria vazio.”

Assim eles começaram. Visivelmente Hans estava receoso, e logo desejou uma espécie de afronta com o padre. Uma defesa instintiva, um ataque na hora do medo.

“_Meu nome é Hans Kalymor, filho de Carlos e Simone Kalymor. Ambos cristãos que morreram em nome de Deus. Não sei como foi. Era muito pequeno e foi só o que me disseram. O lugar era uma planície ao leste do reino de Yarkan, na atual Eslováquia. O ano, bem, não vá se assustar, padre, 1196 depois de Cristo.”

Isto foi um choque...

“_Como disse, a planície era linda. Vivíamos em barracas ou casas construídas para logo serem abandonadas. Éramos nômades. Uma tribo de nômades que pregava a palavra de Deus e os ensinamentos de Cristo por todo o reinado. Não éramos a única tribo de cristãos que existia. Havia dezenas. As pessoas gostavam das palavras e da felicidade que passávamos para elas. Claro que existiam outros credos e seus seguidores não gostavam nem um pouco de nós. Mesmo assim continuávamos. Vivíamos da hospitalidade do povo, da caça, da venda de artesanato e da luz dos céus.
Quando meus pais morreram, um grande amigo deles me criou. Altair, clérigo de Deus. Era assim que chamavam os atuais padres. Ele não tinha filhos, e viu em mim uma possível família. Eu o via da mesma forma.”

Altair. Há muita consideração quando ele pensa nesse nome. Muito carinho e devoção. Mas também aí reside um de seus maiores pecados...

“Observava a alegria dos pais quando os filhos traziam a primeira presa. Ficava um pouco triste. Não tinha para quem trazer aquilo como as outras crianças tinham. Lembrava do dia da colina e sempre que conseguia caçar algo, levantava em direção ao sol. Mostrava minha presa, de alguma forma, para meus pais.”

Um órfão. A dor de uma criança sem os pilares de uma família. Projetando em um elemento grandioso suas imagens. Representando a importância que tinham para ele tanto quanto o sol para o mundo. Desta forma invejava os outros. E a inveja o isolou.

“Certa vez no almoço as crianças estavam jogando restos de comida umas nas outras e um pouco bateu no meu rosto. Todos riram sem parar. Fiquei muito bravo. Até que uma menina, que eu jamais havia conversado antes, tocou em meu rosto, me pedindo desculpas. Por um instante me paralisei. Não sabia por que, mas não consegui dizer uma única palavra. Ela limpava meu rosto e eu apenas observava. Depois disso, olhei para Altair. O velho clérigo já estava me olhando. E, por baixo daquela curta e grossa barba, pude ver um sorriso.”

 Até este momento. Quando conheceu a pequena e doce Marina...

CONTINUA....

SOBRE O LIVRO..... E HISTÓRIAS NESTE BLOG

A IDÉIA DESTE BLOG É DIVULGAR O LIVRO, ALÉM DE OUTROS ASSUNTOS, E MANTER UMA LINHA DE PENSAMENTO EM RELAÇÃO AO LIVRO. PRETENDO DEIXAR DIARIAMENTE HISTÓRIAS PARELELAS, COMO ESTÁ PRIMEIRA INTITULADA "A CATEDRAL", QUE INICIEI NO POST DE ONTEM.
ACIMA, VOCÊ PODE CONFERIR A SEGUNDA PARTE.
BOA LEITURA....

O QUE É O IMORTAL KALYMOR????



Em dezembro de 2007 lancei um livro, intitulado O IMORTAL KALYMOR, pela Editora Insular, de Florianópolis. Foi um trabalho de oito anos, que comecei logo no início da faculdade.
O livro conta a história de um homem (Hans Kalymor) que procura a Catedral Metropolitana de Florianópolis para realizar uma confissão sobre inúmeros crimes que ele cometeu por causa de seu amor perdido. Na busca por vingança, por um acaso do destino ele se tornou imortal e percorreu 8 séculos de lutas, sofrimento e busca por um sentido em sua eternidade. Nessa caminhada, o personagem se deparou com diversos seres, místicos ou humanos, sempre na procura de conhecimento e sabedoria sobre diversos aspectos da vida, do amor, de honra, de guerras e evolução de si próprio, inclusive uma explicação plausível sobre o que seria Deus e as leis do universo. 
O livro é no estilo Entrevista com o Vampiro, ambientado num mundo tipo Senhor dos Anéis, com elfos, minotauros, dragões, ogros, vampiros e magos, sendo tudo um "pano de fundo" para abordar as diversas manifestações e interpretações do amor de cada personagem.
 Numa época onde os vampiros estão em alta, depois da saga crepúsculo, nada mais atual e fantástico que um livro sobre vampiros e criaturas místicas que O IMORTAL KALYMOR. 

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O QUE É O IMORTAL KALYMOR????

Em dezembro de 2007 lancei um livro, intitulado O IMORTAL KALYMOR, pela Editora Insular, de Florianópolis. Foi um trabalho de oito anos, que comecei logo no início da faculdade. 

Bom, o livro conta a história de um homem (Hans Kalymor) que procura a Catedral Metropolitana de Florianópolis para realizar uma confissão sobre inúmeros crimes que ele cometeu por causa de seu amor perdido. Na busca por vingança, por um acaso do destino ele se tornou imortal e percorreu 8 séculos de lutas, sofrimento e busca por um sentido em sua eternidade. Nessa caminhada, o personagem se deparou com diversos seres, místicos ou humanos, sempre na procura de conhecimento e sabedoria sobre diversos aspectos da vida, do amor, de honra, de guerras e evolução de si próprio, inclusive uma explicação plausível sobre o que seria Deus e as leis do universo. 
O livro é no estilo Entrevista com o Vampiro, ambientado num mundo tipo Senhor dos Anéis, com elfos, minotauros, dragões, ogros, vampiros e magos, sendo tudo um "pano de fundo" para abordar as diversas manifestações e interpretações do amor de cada personagem. 
Numa época onde os vampiros estão em alta, depois da saga crepúsculo, nada mais atual e fantástico que um livro sobre vampiros e criaturas místicas que O IMORTAL KALYMOR. 
A intenção deste BLOG é divulgar o livro, bem como outros assuntos relacionados, tais como fantasia medieval, vampiros, zumbis, dragões etc. Pretendo deixar diariamente aqui histórias paralelas ao livro, para enriquecer ainda mais o universo do IMORTAL KALYMOR. 
Espero que acompanham os passos dos personagens e, que comentem e, acima de tudo, que gostem....

O Imortal Kalymor: Interlúdio, Parte I - A Catedral.


 
“Quem diria que um dia eu estaria do outro lado do mundo? Quem diria que existiria o outro lado?” Lembro de ter ouvido este pensamento ecoando pelas paredes de meu apartamento, assim que ele cruzou a porta da frente. Encharcado pela forte chuva que caía naquela noite de carnaval, onde pelas ruas tomadas de foliões perseguia sorrateiro uma de minhas crias. Palavras simples em singelas frases, que certamente qualquer pessoa diria, sempre que chegasse a um lugar completamente novo. Mas, pronunciada por aquele ser peculiar, o sentido era muito, mas muito mais abrangente...
Uma busca frenética por uma vida não ocorrida. Um deus com o poder de gritar, mas que apenas sussurra. Um oceano de possibilidades, movido por uma simples poça. Estas seriam uma das definições mais plausíveis para Hans Kalymor. Um universo mensurável. Uma montanha com o ideal de uma simples pedra. Uma grandiosidade reduzida. Sim, reduzida, mas reduzida a quê? Reduzida por quê? Isto me assolou por um breve momento, mas, como poucas coisas neste mundo me intrigam, o instante logo passou. Deduzi, então, o que mantinha aquele pássaro preso ao ninho de seus medos. O que lhe prendia em sua incoerente inferioridade. Uma contradição, onde o mais sublime dos sentimentos fora capaz de marginalizar um homem. Duas facetas de um anseio, com extremos mais opostos que o céu e o inferno. Onde quem o tem, possui livre acesso a qualquer um deles...
E esse sentimento é, logicamente, o amor...
Lá estava ele então, a personificação do amor. Em sua forma mais doentia, mais destruída. Um homem, mais morto do que vivo, tanto em carne como em alma. Tão maravilhosamente perfeito para mim. Encantei-me também por seu apetite voraz para com as curiosidades distintas de meus aposentos. Cálices, criaturas empalhadas, livros. Quadros... Olhos que farejavam. Isto a eternidade lhe permitiu desenvolver com afinco. Talvez por isso contei-lhe todos meus segredos. E talvez por isso hoje ele detenha, simples e inteiramente, o conhecimento absoluto...
Então, depois de longos anos, evidentemente curtos para mim, vejo-o novamente. Desta vez saindo de uma catedral. Está próximo do amanhecer e minha condição não me permite ficar aqui à espera desse fenômeno. Eu até que poderia, mas é algo que não me agrada. A mesma capa, o mesmo caminhar arrastado. A mesma dor. Mas agora seus passos estão lentos e confusos, quase tímidos. Desta forma ele desce toda a escadaria. No final, se vira, fitando a catedral com olhos maravilhados de uma criança. E de longe eu ouço um “obrigado”. Seus ombros, então, não mais pesam. Sua dor se esvai como chuva em bueiro. E sinto sua alma, pela primeira vez, sorrir. Hans Kalymor, o filho que não tive, a cria que não me pertenceu, teria finalmente encontrado o fim de sua eterna busca? Leio seu pensamento novamente, assim como o fiz em meu apartamento há alguns anos. E descubro tudo o que ocorreu. Daria um excelente conto. A narrativa de uma eternidade em uma simples madrugada...
Este é apenas mais um dia trivial de nosso tempo. Na verdade, mais uma noite trivial. A cidade é Florianópolis, o lugar é a Catedral Metropolitana. Definir os acontecimentos desta noite não é tarefa fácil. A princípio um homem comum, atormentado como também um homem comum, deseja uma confissão. Expor a um padre seus pecados, na ânsia de que Deus possa estar ouvindo. Pecados todos que giram em torno do amor. Poderiam então, ou sequer deveriam, ser chamados pecados? Eis o amor, levando ao céu e ao inferno... a chave-mestra de dois distintos aposentos.
Continua...