segunda-feira, 22 de agosto de 2011

ZUMBI







Um zumbi ou zombie é uma criatura fictícia que aparece nos livros e na cultura popular tipicamente como um morto reanimado ou um ser humano irracional. Histórias de zumbis têm origem no sistema de crenças espirituais do Vodu afro-caribenhos, que contam sobre trabalhadores controlados por um poderoso feiticeiro.
Esta criatura é um ser humano dado como morto que, segundo a crença popular, foi posteriormente desenterrado e reanimado por meios desconhecidos. Devido à ausência de oxigênio na tumba, os mortos vivos seriam reanimados com morte cerebral e permaneceriam em estado catatônico, criando insegurança, medo e comendo os vivos que capturam. Como exemplo desses meios, pode-se citar um ritual necromântico, realizado com o intuito maligno de servidão ao seu invocador.
A figura dos zumbis ganhou destaque num gênero de filme de terror, principalmente graças ao filme de 1968 "Night of the Living Dead" de George A. Romero.


Vodu
De acordo com os princípios do Vodu, uma pessoa morta pode ser revivida por um sacerdote ou feiticeiro. Zumbis permanecem sob o controle do bokor já que não têm vontade própria. "Zombi" também é outro nome da serpente vodu Iwa Damballah Wedo, de origem do Níger-Congo, é semelhante ao Nzambi palavra kikongo, que significa "deus". Existe também dentro da tradição ocidental africana do Vodu o "astral zumbi", que é uma parte da alma humana, que é capturada por um sacerdote e usada para aumentar o poder do sacerdote. O astral Zombi é normalmente mantido dentro de uma garrafa que o sacerdote pode vender aos seus clientes para dar sorte ou sucesso financeiro. Acredita-se que, após um tempo, Deus tomará a alma de volta o que torna o zumbi uma entidade espiritual temporária. A lenda Vodu sobre o zumbi diz ainda que quem o alimenta com sal vai fazê-lo retornar para o túmulo.
Em 1937, enquanto pesquisava o folclore do Haiti, Zora Neale Hurston encontrou o caso de uma mulher que apareceu em uma aldeia e uma família alegou que ela era Felicia Felix-Mentor, uma parente que havia morrido e sido enterrada em 1907 com idade de 29 anos. Hurston alegou que os rumores se deveram ao uso de uma poderosa droga psicoativa por parte das testemunhas do fato, mas ela foi incapaz de localizar os indivíduos para obter mais informação.
Várias décadas depois, Wade Davis, um etnobotânico de Harvard, apresentou um caso farmacológico de zumbis em dois livros, A Serpente e o Arco-Íris (1985) e Passagem das Trevas: A Etnobiologia do Zumbi do Haiti (1988). Davis viajou para o Haiti em 1982 e, como resultado de suas investigações, afirmou que uma pessoa viva pode ser transformado em um zumbi injetando-se duas substâncias específicas na sua corrente sanguínea (geralmente através de uma ferida). A primeira, chamada pelos nativos de "coup de poudre" (do francês: tiro de pó), inclui a tetrodotoxina (TTX), uma poderosa neurotoxina e freqüentemente fatal encontrada na carne do baiacu (ordem Tetraodontidae). A segundo consiste numa poção com drogas dissociativas tais como a datura. Acredita-se que estas substâncias associadas induzem um estado de morte no qual ficam inteiramente sujeitas às vontades do bokor. Davis também popularizou a história de Clairvius Narcisse, que alegou ter sucumbido a essa prática.
O processo descrito por Davis era um estado inicial de morte, com animação suspensa, seguido pelo re-despertar, normalmente depois de ser enterrado, em um estado psicótico. Davis sugeriu que a psicose induzida por drogas e pelo trauma psicológico de ter sido enterrado, reforçavam as crenças culturalmente aprendidas e levavam os indivíduos a reconstruir sua identidade como a de um zumbi, uma vez que, após a experiência a que eram submetidos, eles passavam a "acreditar" que estavam mortos e não teriam mais outro papel para desempenhar na sociedade haitiana. Segundo Davis, os mecanismos sociais de reforço desta crença serviam para confirmar para o indivíduo a sua condição de zumbi e tais indivíduos passavam a ser conhecidos por passear em cemitérios, exibindo atitudes e emoções deprimidas.
O psiquiatra escocês R. D. Laing destacou ainda a ligação entre as expectativas sociais e culturais e a compulsão, no contexto da esquizofrenia e outras doenças mentais, sugerindo que o início da esquizofrenia poderia ser responsável por alguns dos aspectos psicológicos da "zumbificação".
As afirmações de Davis receberam críticas, particularmente a sugestão de que feiticeiros haitianos possam manter "zumbis" em um estado de transe induzido por drogas por muitos anos. Os sintomas de envenenamento por TTX gama produz dormência e náuseas, podendo levar à paralisia (em particular dos músculos do diafragma), inconsciência e morte, mas não incluem uma marcha rígida ou um transe de morte semelhantes aos encontrados nos zumbis. Segundo a neurologista Terence Hines, a comunidade científica rejeita a tetrodotoxina como a causa deste estado e a avaliação de Davis sobre a natureza dos relatórios dos zumbis haitianos é visto como excessivamente crédula.

África do Sul
Algumas comunidades da África do Sul acreditam que uma pessoa morta pode ser transformada em um zumbi por uma criança pequena. É dito que a magia pode ser quebrada com um sangoma poderoso o suficiente.

Características
Por serem mortos vivos, sua aparência demonstra o efeito do tempo e da morte, possuindo a pele apodrecida e com roupas esfarrapadas, com um cheiro forte e horrível. Normalmente, perdem partes do corpo, como os dentes ou os dedos.
De maneira geral, os zumbis nestas situações são do tipo lentos, letárgicos, cambaleantes e irracionais - "modelo" que se popularizou no filme A Noite dos Mortos-Vivos. Filmes criados já nos anos 2000, porém, trouxeram um novo conceito de zumbis, mostrando-os como mais ágeis, ferozes, inteligentes e fortes que os antigos zumbis do cinema. Estes zumbis mostram-se extremamente mais perigosos, sendo que apenas um deles já constitui grande ameaça para um grupo. Em muitos casos em se tratando destes zumbis "rápidos", os criadores utilizam a premissa de humanos infectados com alguma patogenia, como é o caso no filme Extermínio e no jogo para PCs Left 4 Dead, ao invés de cadáveres reanimados - evitando a "caminhada arrastada dos mortos", presente na variedade de zumbis criada por George A. Romero.
Na série Living Dead, os zumbis começam com pouca inteligência, passando com o tempo a reter algum conhecimento da vida passada e repeti-los sem pensar (como ir para um local importante, ou continuar com uma faca por causa do trabalho de cozinheiro), depois aprendem a usar ferramentas básicas (Diário dos Mortos) e em Survival of the Dead (2010) os zumbis desenvolvem uma maior inteligência sendo capazes de se comunicar, ir atrás de um objetivo, e usar ferramentas de maneiras mais complexas.
Os zumbis se alimentam de pessoas, embora possam aprender a se alimentar de outros seres, como cavalos (filme Survival of the Dead).

Infecção
A origem é sempre variável nas histórias, e muitas já foram criadas. Elas vão das mais óbvias como um vírus natural (a ira colérica no Left 4 Dead e no filme Extermínio) ou um vírus artificial criado em laboratório (série Resident Evil e no filme Planeta Terror), indo até as mais improváveis, como um agente extra-terrestre (como especulado pela imprensa no filme A Noite dos Mortos-Vivos) ou até mesmo uma punição divina (como é sugerido em Madrugada dos Mortos). Por fim, existem ainda os que preferem deixar a causa em aberto, não mencionando palavra sobre a mesma (como no filme Zombieland ou na série The Walking Dead
A infecção espalha-se pela população através do contato agressivo com um zumbi (o que ocorre em praticamente todos os casos), exposição à causa da transformação (citando novamente Planeta Terror à exemplo disto), ou mesmo após qualquer morte, seja ela natural ou acidental (Romero e seus filmes como mais notório exemplo).
A contaminação, em certos casos, pode ainda afetar outros seres vivos que não só os humanos (jogos da série Resident Evil já mostraram toda a sorte de animais zumbificados ou mutacionados pelo vírus, como cães, aranhas, tubarões e até mesmo plantas transformados pelo vírus, sendo que em Resident Evil: Outbreak: File 2 já viu-se um monstruoso elefante zumbificado). Por fim, a causa pode transformar a pessoa em zumbi e não necessáriamente lhe tirar sua consciência, ainda que esta fique gravemente prejudicada.

Eliminação
As obras nos mostram que é possível destruir os zumbis definitivamente danificando-lhes o cérebro ou a estrutura neural, o que pode ser conseguido atirando-lhes na cabeça (como na grande maioria das obras) ou lhes quebrando o pescoço (mais especificamente nos filmes de Resident Evil e na obra literária Orgulho e Preconceito e Zumbis[23] - em certas obras, como nos filmes de George Romero, nem mesmo a decapitação é capaz de exterminar definitivamente um zumbi, uma vez que a cabeça decepada ainda tentará morder).
Apocalipse zumbi

Apocalipse zumbi
Apocalipse zumbi é um cenário hipotético da literatura apocalíptica. Cultuado - e até mesmo aguardado - por muitas pessoas e com base na ficção científica e no terror, a expressão refere-se à uma infestação de zumbis em escala catastrófica, que rapidamente transformaria esta espécie na dominante sobre a Terra. Tais criaturas, hostis à vida humana, atacariam a civilização em proporções esmagadoras, impossíveis de serem controladas por forças militares, mesmo com os recursos atuais à disposição.
Em algumas hipóteses, vítimas de um ataque de zumbi também transformariam-se nestas criaturas se sofressem uma mordida ou arranhão de um infectado. Em outras, o vírus pode ser transmissível através do ar. Finalmente, existe ainda o quadro mais caótico: Todo o ser humano que morre, seja lá qual for a causa, torna-se um morto-vivo. Nestes cenários, os zumbis caçam seres humanos para alimentarem-se, sua mordida causando a infecção que faz com que um sobrevivente de ataque também torne-se um zumbi posteriormente. Isto rápidamente tornaria-se uma infestação absolutamente incontrolável, com o pânico causado pela "Praga Zumbi" acarretando no rápido colapso do conceito de civilização como hoje a conhecemos. Em pouco tempo, a existência de vida humana no planeta seria reduzida a poucos grupos de sobreviventes - nômades ou isolados - buscando por alimento, suprimentos e lugares seguros num mundo pré-industrial, pós-apocalíptico e devastado.
O conceito, nascido na década de 1960, ganhou grande popularidade ao longo dos anos, servindo de tema para incontáveis filmes, seriados, livros, histórias em quadrinhos, videogames e outras obras de variadas mídias. Como já mencionado, há até mesmo os que acreditam na concretização de tal cenário, e preparam-se para sua suposta chegada.

Zumbi filosófico
Um zumbi filosófico é um conceito usado na filosofia da mente, campo de pesquisa que examina a associação entre pensamento consciente e o mundo físico. Um zumbi filosófico é uma pessoa hipotética que não possui consciência plena mas tem a biologia ou o comportamento de um ser humano normal. O termo é usado como uma hipótese nula nos debates filosóficos sobre o tema problema corpo-mente. O contexto filosófico do termo zumbi foi cunhado pelo filósofo David Chalmers na metade da década de 1990.
[editar]Ativismo social

Zombie Walk
Zombie Walk é uma flash mob composta por um grande grupo de pessoas que se vestem de zumbis. Geralmente caminhando ou correndo por grandes centros urbanos, os participantes organizam uma rota através das ruas da cidade, passando por shoppings, parques e outros locais com grande público.
Alguns fãs de zumbi continuam a tradição de George A. Romero de usar os zumbis como um comentário social. Esses eventos, divulgadas principalmente de pessoa a pessoa, são regularmente organizadas em alguns países. Normalmente são organizados como uma performance de arte surrealista mas ocasionalmente são usadas como parte de um protesto político único.

VEJA, TAMBÉM, COMO SÃO OS ZUMBIS DO LIVRO O IMORTAL KALYMOR E, PRINCIPALMENTE, SAIBA MAIS SOBRE HANS KALYMOR (UMA NOVA DEFINIÇÃO DE ZUMBI???)

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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O ARTESÃO- Interlúdios, parte 6





O homem no chão fica perplexo. Percebi que havia parado com seu trabalho, enquanto eu recordava essa passagem de minha anterior vida humana. O jovem vampiro, segurando o note book, quase fica boquiaberto. Mesmo para ele, em sua recente condição imortal, ainda é difícil compreender certos aspectos de nosso mundo. Deve estar pensando em como será seu mundo, daqui a 200 anos, e em como irá relatar, aos próximos vampiros que encontrar, como era o mundo de hoje. Como irá relatar como foi sua transformação. O seu último dia de Sol, o dia mais importante.
Mas, não é tempo para essas reflexões. Tenho que me concentrar no meu trabalho. Em observar novamente o corredor e os escritos no livro, para tentar encontrar a falha. Se houver alguma. O erro que fez com que faltasse uma cúpula. Deixo, então, os passos me guiarem pelo corredor, deslizando como pincéis retocando o quadro da história. E as cúpulas vão revelando aos meus olhos as espécies, cada qual com suas distintas peculiaridades.
As horas, então, voam. Analiso cada minúcia de cada cúpula como um astrônomo visualiza as estrelas. Góblin, centauro, minotauro, anão, elfo, kobold, ogro. Outras espécies foram encontradas apenas deste lado do mundo, no mundo novo. Como um ser de pele lisa e negra, braços compridos e mãos ásperas que escorriam um fluido pegajoso, que os auxiliavam a andar por entre os galhos das densas florestas, visto que tinham somente um único membro inferior. Cultivados aqui nas lendas do “saci”. Em outra cúpula vejo as belas mulheres do mar, com aparência mais bela que a mais bela das humanas. E com a parte inferior do corpo coberto por escamas, que se continuavam até formarem uma nadadeira. Cultivadas, aqui, nas lendas, como sereias. Mais um passo adiante, contemplo um ser similar ao ogro, porém, que vivia somente em terras gélidas, com o corpo recoberto por diversas camadas de pêlos e com os pés desproporcionalmente grandes. Que lhes deu a origem do nome “Pé-grande”.
Em outro cômodo, um imenso cômodo, estão agrupados, um de cada exemplar, diversos tipos de dragões. Porém, não vou percorrer aquele. Sei que estão todos ali, menos um. Malberon não possui um Deus-Dragão. O último foi extinto na batalha de maior importância na história deste planeta. Morto pelo Cavaleiro do Fogo Ismael e seu grupo, em Nostrades, a capital do reino de Yarkan. Claro que eu não vivia naquela época. Isso ocorreu séculos antes de meu nascimento.

_Minha revisão, então, foi concluída! _Digo ao jovem vampiro. _Não encontrei nenhuma falha, tanto no livro como nas cúpulas. A coleção permanece tal qual como eu havia deixado.

Então, um medo crescente se apossou de mim. O medo da dúvida, da incerteza.

_O que está faltando? _Questiono em voz alta, como se o jovem pudesse me responder. _E meu medo me tomou por completo quando, de surpresa, o homem sentado à frente da recém terminada nova cúpula se pronunciou, erguendo um pequeno objeto com ambas as mãos:

_Onde eu fixo esta placa? _Falou, mostrando para mim o objeto. Que me feriu os olhos como se fosse um crucifixo ostentado pelo mais crente dos cristãos.
O vampiro notou meu estado perplexo. E questionou.

_O que diz a placa?

Estava escrito em um antigo dialeto élfico. Ele jamais entenderia. Então, leio em voz alta e pausadamente:

_Ali diz... vampiro!

Concluo, então, minha observação. Perturbado, pois... estaria nossa espécie, também, condenada a extinção?






 
TERMINA AQUI MAIS UMA HISTÓRIA DE "INTERLÚDIOS", QUE CONTA FATOS PARALELOS AO LIVRO O IMORTAL KALYMOR. 
AGUARDEM NOVAS HISTÓRIAS. PROCUREM PELAS ANTERIORES NAS OUTRAS PÁGINAS DESTE BLOG, NAS POSTAGENS MAIS ANTIGAS. 

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

O ARTESÃO- Interlúdios, parte 5





_Chovia naquela tarde de domingo! _Falo para os dois no corredor, enquanto observo o góblin empalhado na cúpula a minha frente. _ Eu tinha 46 anos naquela época. Calvo na parte de cima do crânio, mas com cabelos grisalhos escorridos nas laterais e atrás. As sobrancelhas sempre foram grandes e voltadas para cima, nariz pontudo e maças do rosto e queixo proeminentes. Naquele final de tarde chuvoso não dei importância para isto. Mas, na parte da noite, sim. Pois, a partir daquela noite, eu teria essa aparência para sempre.
Isso faz mais de 200 anos.
Eu estava na igreja. Trabalhava como restaurador. Adorava pintar anjos, concertar esculturas. Eu tinha uma habilidade incrível. Gostava de ficar sozinho na igreja e, como chovia muito naquele dia, eu sabia que ficaria sozinho. Poucas pessoas entraram naquele dia e, na parte da noite, somente eu, as velas, os pincéis e os anjos. Alguém os tinha pintado antes de mim, mas eu me sentia nobre com a possibilidade de renová-los. De eternizá-los. Meu trabalho não era muito conhecido, mas chamou a atenção de alguém.
Ele entrou à noite! A chuva castigou suas vestimentas, mas ele pareceu não se importar. Começamos a conversar. Perguntou-me sobre o prazer que eu sentia de poder manter para sempre as pinturas, os quadros, as esculturas. E sobre a frustração de ver a vida passar. A frustração de conseguir eternizar minha obra, mas não conseguir o mesmo comigo.
Respondi que nunca havia pensado naquilo. Mas, analisando bem, era uma surpreendente contradição. O dom de preservar objetos, por longos anos ou até mesmo séculos, e notar o desgaste natural e irreversível de mim mesmo. Dura realidade incoerente.
Ele disse que podia fazer algo em relação aquilo. Que se tratava de uma espécie peculiar de “restaurador”.  Fiquei assustado, num primeiro momento. Respondi que não queria nada dele e pedi para que fosse embora, pois eu tinha que continuar meu trabalho. Ele disse que eu não tinha opção. Que meu dom era importante demais para se perder pelas linhas dos anos.
Num ataque rápido e voraz, então, essas mesmas linhas dos anos, simplesmente, se estagnaram. E eu recebi a mesma eternidade de meus objetos retocados...


CONTINUA....

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O ARTESÃO- Interlúdios, parte 4

O homem emudece. Fica ainda mais assustado pelo fato de ter visto Malberon e saber, agora, quem ele era. Instantes depois, ele retoma nossa conversa, querendo, talvez, saber um pouco mais de sua atual situação:

_Você quem fez os outros pilares?

_Sim, muito anos atrás.

_Ele disse que você viria, mas sua tarefa era outra.

Ouço passos no início do corredor. O rapaz de terno entra, trazendo um note book e uma pequena cadeira. Levanto-me e viro para ele, deixando o homem sentado no chão. O rapaz, então, dirige-me a palavra:

_Não deveria falar tanto ao nosso respeito!

_Não há nada a temer. Ele vai estar morto ao final disto!

O homem no chão ouve o que eu falo. Pega lentamente seu material e, trêmulo, recomeça de onde havia parado.
O rapaz de terno senta na cadeira, abre o note book, apoiando-o nas pernas. Olho para as cúpulas, e percebo minha tarefa.

_Malberon deseja que eu faça o registro? O catálogo desta nova espécie? Mas qual espécie seria?
Devo analisar, então, se deixei algum erro. Alguma falha, algum registro pendente. Eu era o responsável por tudo isso, desde os pilares, as cúpulas, a conservação dos corpos das espécies, suas história, suas línguas. Mas, se ele pediu pra que alguém mais fizesse isso, deve ser porque tem alguma pressa. E quando nós imortais temos pressa de algo, é porque este algo é muito importante.

_Faça os registros no computador. _Digo ao rapaz. _Mas, preciso conferir o registro dos livros.

O rapaz se levanta e vai para um outro cômodo. Instantes depois, retorna, com um livro antigo. Eu o escrevi, séculos atrás. Um registro completo do que tem neste corredor. E, isso significa, um registro completo de diversos seres que habitaram diversas eras do mundo.
Não sei por que vou conferir o que fiz. Um grande poder dos imortais é a capacidade de não esquecer nada. Sei exatamente tudo o que está escrito aqui. Assim como também sei, exatamente, tudo o que está escrito em todas as coisas que li desde a minha transformação. Mesmo assim, eu tinha, até então, a certeza de que meu trabalho com as cúpulas estava concluído. Não há mais nenhuma espécie a catalogar. Devo ter errado em algo ou Malberon encontrou algum novo exemplar?



Com o livro aberto, então, caminho em direção ao início do corredor. O rapaz novamente abre o note book, o homem continua esculpindo o pilar. Paro na frente da primeira cúpula. Começo a dedilhar as páginas do livro. E sinto como se dedilhasse as páginas de minha própria vida.


CONTINUA....

quinta-feira, 28 de julho de 2011

O ARTESÃO- Interlúdios, parte 3

Agacho-me perto do homem. Ele me olha rapidamente com o canto dos olhos e logo desvia o olhar. Seu medo cresce, seu coração dispara. Eu ouço todas as batidas. Suas mãos tremem e atrapalham seu serviço. Ele pára. O medo o consome, não há nada o que ele possa fazer. Então, ele se vira, mas não me encara. Olha para o chão e para mim. Eu o observo como um lobo, nutrindo-me de seu pavor. Ele reage, da única forma que poderia: 

_Veio me matar? _Ele pergunta, como se isso fosse algum tipo de defesa. Como se tal pergunta fosse me deixar com algum tipo de pena.

_Não! _Respondo. _Não iriam me chamar aqui para isso.

_Então, chame alguém que o faça. Por favor, vamos acabar logo com isso.

Descrença. O mais comum e um dos mais saborosos sentimentos dos homens. Base de toda sua decadência.
Humanos. Já me esqueci como é ser um.

_Você tem que cumprir alguma tarefa. _Recomeço. _Do contrário, já estaria morto. Está fazendo um pilar de sustentação para uma cúpula. A primeira pergunta é: porque você?

_Eu não sei! O homem que entrou com você me procurou meses atrás. Pediu-me para fazer reformas em sua casa. Sou um artesão, faço isso a vida inteira. Montei uma pequena fábrica de móveis alguns anos atrás. Sou apenas isso, não sei o que ele quer de mim.

O homem se desespera na minha frente. Começa a soluçar e a chorar compulsivamente. Eu o interrompo, querendo saber sua história:

_Contenha-se! _Falo rispidamente. _Continue seu relato.

Ele se assusta, porém, eu esperava uma reação maior. Talvez eu esteja “enferrujado”. Ou, talvez, os tormentos que passou aqui foram tantos que isso não mais o abala. Após alguns segundos, ele retoma:

_Depois da reforma, ele disse que precisaria dos meus serviços em outro lugar. Disse que meu trabalho era magnífico e que somente eu poderia fazer. Eu neguei, pois moro em Minas Gerais, e o serviço era aqui no Rio de Janeiro. Eu não poderia vir assim, de uma hora para a outra. Então, numa noite, quando eu fechava a fábrica... não sei o que aconteceu... eu acordei aqui, neste apartamento, com estes monstros empalhados. Disseram-me para fazer esse pilar, para que ficasse igual aos outros. Eu não quis, gritei que era seqüestro. Então, eles me mostraram monstros piores. Mostraram dentes... meu Deus, eles...

Novamente o homem quis se descontrolar. Fitei-o com um olhar ameaçador, que o fez rapidamente entender o recado. E continuar:

_Você é igual a eles, não é? Você também é um vampiro, não é? Meu Deus, vampiros existem?

_Sim, existem! _Falo! E aguardo. Fico em silêncio por alguns segundos, para que recobre a consciência.

_Ele prometeu poupar minha família!

_Quem? _Pergunto! _O homem que entrou aqui comigo? O que lhe trouxe aqui?

_Não! O outro.

_Deve estar se referindo a Malberon! Se ele disse isso, realmente sua família será poupada. Basta fazer um excelente trabalho. E anime-se, poucos humanos tem o privilégio de se encontrar com Malberon. Ele é o primeiro vampiro do mundo.


CONTINUA....

quarta-feira, 27 de julho de 2011

ATÉ QUE ENFIM UMA LEITURA INTELIGENTE

NÃO DEIXE DE LER. ATÉ QUE ENFIM UMA LEITURA INTELIGENTE. POR MUITO TEMPO BUSQUEI QUADRINHOS ADULTOS, QUE DESAFIASSEM MEUS SENTIDOS E LÓGICA. ENCONTREI AQUI. DIVERSAS HISTÓRIAS, DIVERSOS ARCOS.


VERTIGO.... PARABÉNS
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