_Veio me matar? _Ele pergunta, como se isso fosse algum tipo de defesa. Como se tal pergunta fosse me deixar com algum tipo de pena.
_Não! _Respondo. _Não iriam me chamar aqui para isso.
_Então, chame alguém que o faça. Por favor, vamos acabar logo com isso.
Descrença. O mais comum e um dos mais saborosos sentimentos dos homens. Base de toda sua decadência.
Humanos. Já me esqueci como é ser um.
_Você tem que cumprir alguma tarefa. _Recomeço. _Do contrário, já estaria morto. Está fazendo um pilar de sustentação para uma cúpula. A primeira pergunta é: porque você?
_Eu não sei! O homem que entrou com você me procurou meses atrás. Pediu-me para fazer reformas em sua casa. Sou um artesão, faço isso a vida inteira. Montei uma pequena fábrica de móveis alguns anos atrás. Sou apenas isso, não sei o que ele quer de mim.
O homem se desespera na minha frente. Começa a soluçar e a chorar compulsivamente. Eu o interrompo, querendo saber sua história:
_Contenha-se! _Falo rispidamente. _Continue seu relato.
Ele se assusta, porém, eu esperava uma reação maior. Talvez eu esteja “enferrujado”. Ou, talvez, os tormentos que passou aqui foram tantos que isso não mais o abala. Após alguns segundos, ele retoma:
_Depois da reforma, ele disse que precisaria dos meus serviços em outro lugar. Disse que meu trabalho era magnífico e que somente eu poderia fazer. Eu neguei, pois moro em Minas Gerais, e o serviço era aqui no Rio de Janeiro. Eu não poderia vir assim, de uma hora para a outra. Então, numa noite, quando eu fechava a fábrica... não sei o que aconteceu... eu acordei aqui, neste apartamento, com estes monstros empalhados. Disseram-me para fazer esse pilar, para que ficasse igual aos outros. Eu não quis, gritei que era seqüestro. Então, eles me mostraram monstros piores. Mostraram dentes... meu Deus, eles...
Novamente o homem quis se descontrolar. Fitei-o com um olhar ameaçador, que o fez rapidamente entender o recado. E continuar:
_Você é igual a eles, não é? Você também é um vampiro, não é? Meu Deus, vampiros existem?
_Sim, existem! _Falo! E aguardo. Fico em silêncio por alguns segundos, para que recobre a consciência.
_Ele prometeu poupar minha família!
_Quem? _Pergunto! _O homem que entrou aqui comigo? O que lhe trouxe aqui?
_Não! O outro.
_Deve estar se referindo a Malberon! Se ele disse isso, realmente sua família será poupada. Basta fazer um excelente trabalho. E anime-se, poucos humanos tem o privilégio de se encontrar com Malberon. Ele é o primeiro vampiro do mundo.
CONTINUA....
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