sexta-feira, 15 de julho de 2011

O ARTESÃO- Interlúdios, parte 2

Atravessamos todo o corredor sem mencionarmos nenhuma palavra. Apenas observando as diversas cúpulas disposta em diagonal umas as outras, cada uma com um exemplar de uma espécie diferente. Minotauro, anão, elfo, kobold. Alguns foram muito difíceis de encontrar.
Ao fundo do corredor, após a última cúpula, noto um homem sentado no chão. Em suas mãos, uma espátula e outros instrumentos espalhados ao redor. Seu semblante é triste, preocupado e desiludido. Seu cheiro é forte, mescla de suor e medo. Posso sentir o sal de suas lágrimas ressequidas, já absorvidas pela pele de seu rosto.
O rapaz que me acompanha nos deixa a sós.  Aproximo-me do homem e percebo que ele está à frente da parede, manuseando uma espécie de pilar, quase da altura dos outros do corredor. Manuseando, não. Na verdade, ele o está esculpindo, de modo muito similar aos que sustentam as cúpulas. Seus dedos estão desgastados pelo atrito com o concreto. Algumas das unhas estão quebradas, mas ele parece não se importar. Quer terminar o trabalho, nem nota minha presença.
Surpreendo-me.
Um homem, um humano, fazendo meu trabalho? Ampliando minha obra? E porque mais uma cúpula? Teria Malberon encontrado mais uma espécie? Como eu poderia desconhecer?


CONTINUA....


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