Ao fundo do corredor, após a última cúpula, noto um homem sentado no chão. Em suas mãos, uma espátula e outros instrumentos espalhados ao redor. Seu semblante é triste, preocupado e desiludido. Seu cheiro é forte, mescla de suor e medo. Posso sentir o sal de suas lágrimas ressequidas, já absorvidas pela pele de seu rosto.
O rapaz que me acompanha nos deixa a sós. Aproximo-me do homem e percebo que ele está à frente da parede, manuseando uma espécie de pilar, quase da altura dos outros do corredor. Manuseando, não. Na verdade, ele o está esculpindo, de modo muito similar aos que sustentam as cúpulas. Seus dedos estão desgastados pelo atrito com o concreto. Algumas das unhas estão quebradas, mas ele parece não se importar. Quer terminar o trabalho, nem nota minha presença.
Surpreendo-me.
Um homem, um humano, fazendo meu trabalho? Ampliando minha obra? E porque mais uma cúpula? Teria Malberon encontrado mais uma espécie? Como eu poderia desconhecer?
CONTINUA....
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