terça-feira, 16 de novembro de 2010

O Imortal Kalymor: Interlúdios. Parte 3 da Crônica: A Catedral.







Mas no que me delicio mesmo não são nesses momentos. Prefiro me ater na afronta. Nas tentativas de Hans de querer confundir e ludibriar o padre. A história alucinante de seu passado, habitado por centauros, minotauros e dragões. E sobre o que ele mesmo era de fato.

         “_E como posso ter mais de 800 anos? Seria um imortal? Um elfo? Um vampiro? Talvez só um louco qualquer?
         _Um imortal? Não. Pois não temeria o julgamento de Deus a ponto de estar num confessionário. Um elfo? Bem, desconheço essa espécie, mas creio que não são cristãos. Um vampiro? Jamais entraria aqui. Um louco? Não levantaria essa hipótese, se realmente o fosse.”

E também em diversos outros pontos...

“O clérigo falava algo sobre anjos. Dizia se tratarem de seres celestiais, que existiam cada um com um propósito. Uma missão. Não como um fardo, ou uma responsabilidade que representasse uma espécie de “peso” em suas costas. Mas um motivo que justificasse sua existência. Não eram seres que devessem ser venerados como semideuses. Mas, no meu entender, criaturas que deveriam ser idolatradas pelo que representavam. Mesmo que muitas vezes não pudéssemos compreender o que representavam. E também o que eram. Anjos, segundo Altair, eram a personificação de uma causa, que talvez fosse inatingível para um mortal, mas que deveria ser alcançada em benefício dos próprios mortais. Como um guia para uma pessoa perdida e sozinha. Talvez mais como uma correção de um fato que estivesse seguindo um curso errado. No caso dos mortais, uma força para que não se perdessem de seu destino.”

Mesmo que eu busque com afinco por estes questionamentos, sua mente se perde em lembranças. E o sentimento de amor sempre retorna...

“Começava a ver o mundo com outros olhos. Mais precisamente, começava a ver Marina com outros olhos. Ela encantava-me. Sua simpatia, sua beleza. Responsabilidades na tribo limitavam nossas brincadeiras juntos. Mas quando tínhamos um tempo para nós, aproveitávamos da melhor maneira possível. A alegria de estar com ela há muito já havia mudado de nome. Passou a se chamar amor. Meu primeiro. Meu único. Minha semente que germinava em meu coração.”


CONTINUA.....

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