quinta-feira, 31 de março de 2011

O Imortal Kalymor: DEUS, POR MALBERON. INTERLÚDIOS, PARTE 11

O vampiro voltou seus passos em minha direção, pondo-se ao meu lado. Mantinha os dedos unidos na altura da cintura, como já fazia havia algum tempo. Contemplou o quadro-negro como também eu o fizera, mas provavelmente não tão desconcertado. Certamente permaneci muitos instantes em transe, esquecendo de todo o restante de coisas que presenciei naquela noite. Talvez, também, tudo o que havia presenciado ao longo de minha existência. “U”, começava a sentença. Depois, o símbolo de “igualdade” e, à direita do sinal, uma quantidade imensa de variáveis e constantes, de números inteiros e fracionados, num total de quatorze linhas que preenchiam inteiramente o quadro. Uma fórmula extensa em volume e dificuldade, mas a compreensão de sua importância era tamanha que ela parecia ser diminuta e simples. Coloquei-me à sua frente e estiquei uma das mãos, na vã tentativa de tocar o quadro. Mas, logicamente, não poderia fazê-lo, pois o contato borraria o que estava escrito. “U”, novamente fixei-me nele. E assim procedi por diversas vezes, até o vampiro se manifestar:

_Impressionante, não? Ainda mais por ser percebida isolada, em meio ao restante do que lhe mostrei. Somente olhos sábios iriam parar aqui.

_Isto é inconcebível! _Afirmei. _Pensei que seria somente o sonho de um notório cientista. Uma fórmula que unisse todas as outras.
_Sim! “U”, de “Universo”.

Diante de mim estava uma expressão que relacionava todas as forças que compõem a existência. A fórmula soberana, uma conta que unia todas as outras contas, que mesclava os princípios da Física e da Matemática e, por conseguinte, também da Filosofia. Bastava jogar números nas variáveis, quando uma dúvida surgisse. Qualquer um que a soubesse poderia esquecer qualquer outra fórmula, qualquer outra lei e, ainda assim, saberia tudo. A resposta definitiva. A explicação suprema de todas as perguntas. O universo inteiro estava ali, elucidado em míseras quatorze linhas.

_Diga, Malberon, há alguma coisa que não saiba? Perto deste conhecimento, nenhum outro tem comparação. Não há equivalência. _Falei, com as palavras tropeçando no transtorno de minha razão.

_O restante é inferior! Esta é sua conclusão, agora! E isto permite a você elaborar qualquer pergunta que obterá resposta. E sei o que irá questionar. A mais complicada das perguntas, com a mais óbvia das respostas.

Virei para o vampiro, posicionando-me à frente de sua face, quase tocando nela. Os olhos se rasgavam como seda, querendo os meus penetrar no mundo dos dele. Éramos titãs, seres acima de nós mesmos, embriagados pelo mais fino néctar da mais completa sabedoria. Então perguntei, em meio àquele banho de magnitude:






_Quem é Deus?









CONTINUA.....

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